
Afinal de contas, o que motiva o orgulho gaúcho? De todos não posso aceitar a “heróica” Revolução Farroupilha, que fez a fama do gaúcho valente. Porque nenhuma guerra é heróica (guerra será tema de postagem mais adiante). Nesta revolução, para não variar, os pobres lutaram pelos ricos. Os peões morreram pelos estancieiros, para que vendessem o seu charque. Os senhores de fazenda, diretamente interessados na guerra, ficaram em casa, ou a eles eram conferidos altos postos, e acompanharam as frentes de combate sempre detrás.
Aquelas estâncias não passaram de mãos. Permanecem nas mesmas famílias. O tamanho delas diminuiu um pouco devido à partição entre os herdeiros. A classe trabalhadora só teve chance no Rio Grande do Sul com a colonização ítalo-germânica. Foi a partir daí que o Estado se desenvolveu, diversificando e socializando a renda. Basta observar o mapa do Estado e comparar o tamanho dos municípios situados ao Norte com os do Sul. No Sul predominam enormes municípios, compostos por imensas estâncias de gado, que geram poucos empregos. O eucalipto está chegando lá, mas a situação geral não mudará.
O gaúcho, no imaginário, é o bombachudo grosso, de fala forte, afiado na lida campeira. Mas, na realidade, o gaúcho é esse bombachudo, mas também o Fritz e a Frida, o nonno Giacommo, o polaco, o negro, o bugre. O Rio Grande do Sul é extremamente miscigenado! E urbano! É metrô, é carro, é asfalto! O Rio Grande do Sul é rock, é punk, é metaleiro! E tudo o mais. Tem carnaval, samba! Olha Uruguaiana no carnaval aí, gente!
De qualquer maneira, o orgulho pode ser uma coisa perigosa se o sujeito “orgulhoso” encara como superioridade. As piadas do “gaúcho gay” surgiram justamente do orgulho de superioridade do “gaúcho macho”. A exacerbação deste dizer só podia terminar em comédia. E, em verdade, o RS tem mais de 11 milhões de habitantes, muitos deles gays. As generalizações são males (generalização será tema de postagem). Além disso, tudo pode ser motivo de orgulho, mesmo coisas consideradas ruins no senso comum (senso comum será tema de postagem). Por exemplo, pode-se ter orgulho da cegueira. Do bêbado. E Orgulho Banguela! Existe feiúra? Quem ama a feiúra, bonito lhe parece. Ou seja, devo respeitar o Orgulho Colorado, mesmo que eu considere um horror. E o que dizer dos orgulhos negro e branco?
“Herdeiro da Pampa Pobre” (Engenheiros do Hawaii)
Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a história
Não me deixaram nem sequer matizes?
Passam às mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Herdei um campo onde o patrão é rei
Tendo poderes sobre o pão e as águas
Onde esquecido vive o peão sem leis
De pés descalços cabresteando mágoas
O que hoje herdo da minha grei chirua
É um desafio que a minha idade afronta
Pois me deixaram com a guaiaca nua
Para pagar uma porção de contas
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Aquelas estâncias não passaram de mãos. Permanecem nas mesmas famílias. O tamanho delas diminuiu um pouco devido à partição entre os herdeiros. A classe trabalhadora só teve chance no Rio Grande do Sul com a colonização ítalo-germânica. Foi a partir daí que o Estado se desenvolveu, diversificando e socializando a renda. Basta observar o mapa do Estado e comparar o tamanho dos municípios situados ao Norte com os do Sul. No Sul predominam enormes municípios, compostos por imensas estâncias de gado, que geram poucos empregos. O eucalipto está chegando lá, mas a situação geral não mudará.
O gaúcho, no imaginário, é o bombachudo grosso, de fala forte, afiado na lida campeira. Mas, na realidade, o gaúcho é esse bombachudo, mas também o Fritz e a Frida, o nonno Giacommo, o polaco, o negro, o bugre. O Rio Grande do Sul é extremamente miscigenado! E urbano! É metrô, é carro, é asfalto! O Rio Grande do Sul é rock, é punk, é metaleiro! E tudo o mais. Tem carnaval, samba! Olha Uruguaiana no carnaval aí, gente!
De qualquer maneira, o orgulho pode ser uma coisa perigosa se o sujeito “orgulhoso” encara como superioridade. As piadas do “gaúcho gay” surgiram justamente do orgulho de superioridade do “gaúcho macho”. A exacerbação deste dizer só podia terminar em comédia. E, em verdade, o RS tem mais de 11 milhões de habitantes, muitos deles gays. As generalizações são males (generalização será tema de postagem). Além disso, tudo pode ser motivo de orgulho, mesmo coisas consideradas ruins no senso comum (senso comum será tema de postagem). Por exemplo, pode-se ter orgulho da cegueira. Do bêbado. E Orgulho Banguela! Existe feiúra? Quem ama a feiúra, bonito lhe parece. Ou seja, devo respeitar o Orgulho Colorado, mesmo que eu considere um horror. E o que dizer dos orgulhos negro e branco?
“Herdeiro da Pampa Pobre” (Engenheiros do Hawaii)
Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a história
Não me deixaram nem sequer matizes?
Passam às mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Herdei um campo onde o patrão é rei
Tendo poderes sobre o pão e as águas
Onde esquecido vive o peão sem leis
De pés descalços cabresteando mágoas
O que hoje herdo da minha grei chirua
É um desafio que a minha idade afronta
Pois me deixaram com a guaiaca nua
Para pagar uma porção de contas
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
4 comentários:
Mário!!!
Quye legal te ver blogueando!! Welcome!!! Esse mundo onde as palavras circulam, trazem força às idéias, e nos fazem refletir sempre sobre aquilo que provoca a leitura e a escrita!
Adorei teu blog! Já me tornei seguidora. Não sigo o mesmo estilo na escrita, ams quando quiser dá uma passada no meu blog tb, pra mudar um pouco de ares!
Um abraço e segue postando, vou acompanhar fielmente!
Abraço, Ane
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