quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Guerra justa?

Guerra justa? Guerra Insana! Jovens corações morrem por motivos pífios. Dão suas vidas a interesses econômicos. Petróleo, armamentos, charque ou especiarias. Tudo o mais para satisfazer a ganância de porcos velhos que se beneficiam com a guerra. (O soldado americano que tombou se chamava López). E os corpos restam no campo, mutilados, desfigurados, perfurados, carbonizados. Olhem lá! São dez, vinte, trinta mil feridos. Quinze mil mortos. Não parece muito, são estatísticas. Quantos desaparecidos? Quantos sobreviventes? Que será do restante da existência desses pobres sobreviventes. Que trauma! Ah, e quanto ao trauma da progenitora que cuidou tão bem do seu filho... para este fim? Quantos filhos ela tinha?

Do outro lado existe um moço de rifle em punho. Tem o tipo da turma que deixei na vila. Parece triste. Talvez ele tenha mais a ver comigo que esses rudes a minha volta. Mas está vestido com um uniforme distinto. É o inimigo. Meu dever é atirar.

Viva! Ganhamos a guerra! Semana que vem tem desfile. A nação resplandecerá. Nossas empresas venderão seus produtos naquele país. Vão faturar muito! E nossas filhas vão ter a chance de arrumar algum serviço nas fábricas.

Viva! Conquistamos o petróleo! Acabamos com a ameaça química! Dominamos o Japão! Ali tem dois cogumelos. Cuidado, não são dos comestíveis. Expulsamos os árabes da Terra Santa. Ei, Israel ergueu um Muro! Em que ano estamos?


Afraid to shoot strangers - Iron Maiden
"Com medo de atirar em estranhos"

Deitado, acordado à noite enxugo o suor da minha testa
Mas não é pelo medo que eu preciso ir agora
Tentando visualizar os horrores que virão lá na frente
O monte de areia no deserto, um cemitério

Quando chegar a hora seremos parceiros de crime?
Quando chegar a hora estaremos prontos para morrer

Deus, deixe-nos ir agora e terminar o que tem de ser feito
Venha o vosso reino, seja feita a vossa vontade na Terra

Tentando justificar para nós mesmos as razões para ir
Devemos viver e deixar viver, esquecer ou perdoar?
Mas como podemos deixá-los acabar desse jeito?
O reino do terror e corrupção deve ter fim

E nós sabemos que no fundo não existe outro caminho
Sem fé, sem explicação, nada mais a dizer

Com medo de atirar em estranhos
Com medo de atirar em estranhos...


War Pigs - Black Sabbath
"Porcos da Guerra"

Generais se reúnem em suas massas
como bruxas numa missa negra
mentes diabólicas que tramam destruição
feiticeiros da criação da morte

Nos campos há corpos queimando
enquanto a máquina de guerra continua funcionando
Morte e ódio à humanidade
envenenando suas mentes esvaziadas

Os políticos se escondem
eles apenas iniciam a guerra
por que eles deveriam sair para lutar?
eles deixam esse papel para pobres

O tempo vai mostrar a força de suas mentes
fazendo guerra só por diversão
tratando as pessoas como peões num jogo de xadrez
esperem até chegar seu dia do julgamento

Agora, na escuridão, o mundo para de girar
cinzas onde seus corpos queimavam
sem os porcos da guerra no poder
a mão de Deus marcou a hora

Dia do julgamento, Deus está chamando
De joelhos, os porcos da guerra rastejam
implorando perdão por seus pecados
Satã, rindo, expande suas asas :)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Orgulho gaúcho?



Afinal de contas, o que motiva o orgulho gaúcho? De todos não posso aceitar a “heróica” Revolução Farroupilha, que fez a fama do gaúcho valente. Porque nenhuma guerra é heróica (guerra será tema de postagem mais adiante). Nesta revolução, para não variar, os pobres lutaram pelos ricos. Os peões morreram pelos estancieiros, para que vendessem o seu charque. Os senhores de fazenda, diretamente interessados na guerra, ficaram em casa, ou a eles eram conferidos altos postos, e acompanharam as frentes de combate sempre detrás.
Aquelas estâncias não passaram de mãos. Permanecem nas mesmas famílias. O tamanho delas diminuiu um pouco devido à partição entre os herdeiros. A classe trabalhadora só teve chance no Rio Grande do Sul com a colonização ítalo-germânica. Foi a partir daí que o Estado se desenvolveu, diversificando e socializando a renda. Basta observar o mapa do Estado e comparar o tamanho dos municípios situados ao Norte com os do Sul. No Sul predominam enormes municípios, compostos por imensas estâncias de gado, que geram poucos empregos. O eucalipto está chegando lá, mas a situação geral não mudará.
O gaúcho, no imaginário, é o bombachudo grosso, de fala forte, afiado na lida campeira. Mas, na realidade, o gaúcho é esse bombachudo, mas também o Fritz e a Frida, o nonno Giacommo, o polaco, o negro, o bugre. O Rio Grande do Sul é extremamente miscigenado! E urbano! É metrô, é carro, é asfalto! O Rio Grande do Sul é rock, é punk, é metaleiro! E tudo o mais. Tem carnaval, samba! Olha Uruguaiana no carnaval aí, gente!
De qualquer maneira, o orgulho pode ser uma coisa perigosa se o sujeito “orgulhoso” encara como superioridade. As piadas do “gaúcho gay” surgiram justamente do orgulho de superioridade do “gaúcho macho”. A exacerbação deste dizer só podia terminar em comédia. E, em verdade, o RS tem mais de 11 milhões de habitantes, muitos deles gays. As generalizações são males (generalização será tema de postagem). Além disso, tudo pode ser motivo de orgulho, mesmo coisas consideradas ruins no senso comum (senso comum será tema de postagem). Por exemplo, pode-se ter orgulho da cegueira. Do bêbado. E Orgulho Banguela! Existe feiúra? Quem ama a feiúra, bonito lhe parece. Ou seja, devo respeitar o Orgulho Colorado, mesmo que eu considere um horror. E o que dizer dos orgulhos negro e branco?


“Herdeiro da Pampa Pobre” (Engenheiros do Hawaii)

Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a história
Não me deixaram nem sequer matizes?

Passam às mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas

Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Herdei um campo onde o patrão é rei
Tendo poderes sobre o pão e as águas
Onde esquecido vive o peão sem leis
De pés descalços cabresteando mágoas

O que hoje herdo da minha grei chirua
É um desafio que a minha idade afronta
Pois me deixaram com a guaiaca nua
Para pagar uma porção de contas

Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai